Podcast -Como ter informações de qualidade – Parte1 – Revistas Científicas

Depois de um longo e tenebroso inverno , estou de volta ao podcast!
E neste episódio vou responder aos colegas que me questionaram no Instagram sobre como me mantinha atualizada em artigos científicos. Pois é, eu fiz alguns vídeos por lá, mostrando a minha rotina, e muitos se interessaram pelos métodos que uso. Assim, resolvi fazer um episódio com algumas dicas para vocês.
Olha, eu não faço milagres! meu dia também tem 24 horas e divido meu tempo entre vida profissional, pessoal, social e dormir (eu preciso de 7 horas de sono gente). Quem acompanha minha rotina sabe que trabalho em 2 consultórios, um em Franca e outro em Ribeirão Preto, ministro aulas em Bauru, reviso artigos para revistas científicas, às vezes escrevo no blog e alguns outros artigos científicos viajo muito para pregar a palavra, ou melhor, para ministrar aulas sobre dor orofacial e bruxismo.
Ufa! E sobra tempo? Sempre sobra. Mas eu precisei buscar algumas ferramentas para me ajudar a ficar sempre atualizada e, principalmente, fazer meu cérebro funcionar para aprimorar o atendimento dos meus pacientes.
Mas antes de começar é preciso falar sobre algumas coisas. Eu acho que precisamos sempre trabalhar dentro da melhor evidência possível e fazer uma ponte entre o que o conhecimento científico revela e como aplicar isso no consultório. Adoro andar nesta ponte. Para isso é preciso entender como ler um artigo científico. É claro que o mestrado e depois o doutorado me ajudaram muito nisso. Entender um pouquinho de metodologia científica ajuda muito. Mas se você não teve esta possibilidade, não quer dizer que não possa ir atrás! Eu mesma comprei um livro tempos atrás para entender melhor. O nome do livro era inclusive: Como ler um artigo científico.
Aqui vai o link para versão: https://amzn.to/2MK8UCO ou na versão para Kindle: https://amzn.to/2MHH4qI
E por que precisamos disso gente? Olha, o papel aceita tudo. Já li muito artigos ruins publicados por ai… É preciso separar o joio do trigo. E o que faz com que muitas vezes eu critique o trabalho é seu delineamento, os métodos que muitas vezes estão ali cheios de vieses. Se o delineamento do estudo é inaceitável, o trabalho é inaceitável. Se o delineamento está correto, então você deve verificar se os dados foram coletados com metodologia adequada e se a análise está certa. Se isso acontecer, verifique se a interpretação dos dados e e a discussão fizeram jus ao trabalho. E só então se as conclusões são aceitáveis. Parece simples mas eu sei que não é. Mas depois de muito treino, você acaba pescando algumas coisas até no resumo.
Mas tudo bem, você não teve uma preparação sobre isso e nem quer correr atrás disso agora. Então, eu acho que um método interessante seria buscar ler trabalhos publicados em revistas com fator de impacto alto. Talvez até lendo revisões sobre determinado assunto.
E o que é Fator de Impacto?
É  um método bibliométrico que avalia a importância de periódicos científicos em suas respectivas áreas. E esta medida utilizada hoje pelas bases de dados é geralmente pelo número de citações que os artigos que foram publicados na revista tem. Por exemplo: eu publico um artigo numa revista X, depois vários pesquisadores em revistas e artigos diferentes usam o meu trabalho como referência, ou seja, meu trabalho teve um impacto no meio acadêmico. Este fator de impacto é calculado anualmente, e o mais famoso mundialmente é aquele das revistas indexadas ao “Instituto de Informação Científica” e, depois, publicado no “Relatório de Citações de Periódico” cuja sigla em inglês é JCR que é da empresa Thomson Reuters.
Revistas que cumprem estes requisitos são alvo dos pesquisadores: todo mundo que publicar seu trabalho lá e quem sabe ser notícia no Jornal Nacional, não é? Veja que William Bonner sempre ao citar algum trabalho que tem impacto na humanidade cita alguma destas revistas: Science, Nature, Lancet… Estas são as revistas com maior impacto! E dentre os assuntos na área da saúde cujo artigos apresentam mais impacto, está a oncologia. As revistas dedicadas ao câncer são as que apresentam o maior impacto.
No Brasil, a CAPES desenvolveu um critério próprio para classificar os periódicos, o QUALIS, que surgiu entre 1996 e 1997. Este oferece uma classificação das revistas que retratam o produto intelectual dos programas de pós graduação no Brasil. O método utilizado para a classificação do QUALIS não é o mesmo do fator de impacto, apesar que revistas de excelência são geralmente aquelas com mais alto fator de impacto. Mas às vezes, na ânsia de auxiliar uma revista brasileira, uma revista com fator de impacto baixo internacionalmente pode apresentar um Qualis alto porque está segmentado por área.
Eu particularmente prefiro procurar as novidades nas revistas que possuem bom fator de impacto internacional, mesmo sabendo que o método não é tão preciso assim para indicar qualidade, uma vez que nem sempre leva em conta fatores importantes como pontualidade, revisão por pares, etc. O que significa isso: não é só o número de citações deveria ser considerado para uma  revista ter impacto, mas ela deve ser pontual, deve ter rapidez ao analisar e revisar um trabalho e ainda, esta revisão deve ser realizada em pares ou até num número maior de revisores que buscam analisar o rigor científico de cada trabalho, ou seja, já fazem o trabalho por você.
Bem, e na Odontologia. A odontologia é uma área específica da saúde e assim, as revistas específicas a ela não apresentam fatores de impacto tão expressivos quanto às da saúde ou medicina de forma geral.
Por exemplo, a revista New England Journal of Medicine tem fator de impacto 70.670 e a Lancet, também bem conhecida, 59.102. Eu dei uma olhada nas revistas de Odontologia e é o Periodontology 2000 com o maior fator de impacto que é 7.861, depois Journal of Dental Research que aparece com  5,125. Dentre as top 5, duas de periodontia e 1 de implantodontia. A revista de prótese mais bem colocada é a JPD, Journal of Prosthestic Dentistry, em 13 lugar (onde eu publiquei meu artigo do doutorado por sinal) com 2.787.  Veja só, a minha queridinha, uma das que mais visito está 22 posição, a Journal of Oral Rehabilitation com 2,341. A diferença entre as revistas depois do 10 lugar é pequena. Para vocês terem uma ideia, a revista de ortodontia mais bem posicionada está em 32o. lugar, ou seja, talvez quanto mais específica a área, a tendência é reduzir o fator. Então não dá para comparar a Lancet com as de odontologia. e nem uma que publica somente sobre ortodontia com uma que publica pesquisa sobre toda a área de odontologia.
Todas as revistas com fator de impacto alto estão publicadas na lingua inglesa. Ou seja, se você não sabe ingles, a chance de ficar desatualizado ou de depender de outras pessoas para adquirir o conhecimento é alta.
Das brasileiras, entram no ranking a Brazilian Oral Research que é da SBPqO e está na 39 posição e tem fator de impacto 1,773 e a JAOS, Journal Applied of Oral Sciences na 50, aqui da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP, que tem fator de impacto 1.506.
Muitas revistas não tem sequer fator de impacto internacional. Para ver então o impacto delas você pode verificar no QUALIS, elas estarão nas categorias B, C e D.
E então o que eu faço?
Eu entro nas revistas com maior impacto na minha área, de dor orofacial, e cadastro meu email na newsletter deles. Com isso, assim que os artigos que foram aceitos nestas revistas são publicados no site, eu recebo um email com o título deles, e abro aqueles que me interessam. Baixo aqueles em que no resumo achei algo que quero ler mais! Hoje mesmo pela manhã recebi um email do Journal of Oral Rehabilitation, que é uma revista importante, tanto para DTM quanto para bruxismo, com os artigos aceitos da semana e lá estava um do nosso grupo aqui, o Bauru Orofacial Pain Group. Inclusive é um artigo do mesmo tema que o professor Yuri Costa ganhou o prêmio no IADR este ano.
Isso me ajuda também a ter ideias de pesquisa, ler revisões sobre os mais variados assuntos, e sempre contar para vocês uma novidade!
Para quem está curioso em saber quais são as revistas com maior impacto na dor orofacial, ou seja, as que eu consulto, vou agora colocar aqui abaixo a minha listinha, mas você pode criar a sua, baseado no que está afim de estudar.
Segue a lista (organizada por fator de impacto e abrangendo dor orofacial, DTM, cefaleia, sono e bruxismo):
  1. Journal of Pain – https://www.jpain.org
  2. Journal of Dental Research – https://journals.sagepub.com/home/jdr
  3. Current Pain and Headache Reports: https://link.springer.com/journal/11916
  4. Journal of Oral Rehabilitation – https://onlinelibrary.wiley.com/journal/13652842
  5. Brazilian Oral Research – http://www.scielo.br/bor
  6. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology Oral Radiology – https://www.oooojournal.net
Pessoal, fazendo a lista vi que deixei um monte de revistas que chegam no meu email de fora (especialmente as de odontologia em geral,  neurociências e sono), mas acho que a lista já está bem extensa.  E das revistas de maior impacto nem sempre tem artigos que me interessam, mas aí é só passar os olhos e deletar o email. O fato é que quando tiver (como o de neurofisiologia da migrânea publicado na Lancet Neurology), serão ótimos, com certeza.
Para assinar com seu email o boletim de notícias destas revistas tem que procurar no site delas. Vou fazer um vídeo pois algumas editoras deixam isso no site da editora mesmo (você marca numa caixa de seleção os que você quer). Procurem!
Abraços a todos.
Para ouvir o podcast você pode procurar no seu tocador preferido ou nos links abaixo:

Rapidinha: video aula sobre como ler um artigo científico

O Professor Luis Cláudio do site Medicina Baseada em Evidências, já citado aqui no blog em outra postagem, ontem ministrou uma palestra online sobre como ler um artigo científico, algo que ele citou que não deve ser um trabalho árduo e sim prazeroso! A leitura faz você não só aprimorar sua técnica clínica, mas traz um exercício reflexivo sobre sua conduta, o que pode ainda estimulá-lo no trabalho.

Passei o link aos meus alunos de especialização e atualização e quem assistiu adorou!

A aula está online, gratuita e parece que haverá continuação por um curso online.

Para quem quer assistir a aula, acesse o link: http://medicinabaseadaemevidencias.com/palestra-aovivo/

Eu acho que vale super a pena!

Fator de impacto

Estava escrevendo um email ao pessoal do curso de especialização em DTM e Dor Orofacial de Bauru sobre alguns comentários que fiz a respeito do uso da ferramenta Odontologia baseada em Evidências.

Mas enquanto escrevia o email, achei que o assunto merecia ser divulgado aqui também.

“O papel aceita tudo”, “As revisões sistemáticas são sempre inconclusivas”, “Sempre as evidencias”… São muitas as frases que escuto por aí sobre a Odontologia baseada em Evidencias. Mas como já escrevi aqui no blog algumas vezes, esta ferramenta não é tão difícil de usar, não substitue a prática clínica, na verdade, anda lado a lado com ela e ainda o desejo do paciente e os custos, na tomada da decisão clínica.

É preciso desenvolver o pensamento crítico sobre os diagnósticos possíveis e as terapias que serão propostas. Claro que não há estudos brilhantes para todas as nossas questões, e é isso que move a ciência, mas já podemos  trabalhar dentro da melhor evidencia possível.

Para ler mais sobre isso: https://julianadentista.com/category/odontologia-baseada-em-evidencias-2/

Devemos conhecer o assunto, os autores envolvidos, os tipos de artigos e também onde estão publicados. E é sobre isso que quero escrever. As revistas hoje são classificadas através de seu fator de impacto (para ler mais http://pt.wikipedia.org/wiki/Fator_de_impacto) que avalia o número de citações atribuídas pela comunidade científica aos artigos de periódicos. Aqui o site oficial do Journal Citation Reports, uma das ferramentas que faz esta classificação: http://thomsonreuters.com/journal-citation-reports/

O sistema de revisão das revistas com maior impacto costuma ser mais rigoroso, o que faz que pesquisas com metodologia mais adequadas sejam publicadas nestas revistas.

A pontuação atual foi publicada em 2011 e em breve pode mudar. A comunidade científica sempre está de olho às mudanças e normalmente são impactantes. Lembro que quando publiquei o primeiro artigo em 2010 no Journal of Headache and Pain a revista era fechada, com fator de impacto menor que 1. Hoje ela é de acesso livre (vocês podem ler qualquer artigo como já escrevi aqui no blog) e o fator de impacto é 2.427!

Claro que este índice é discutido por toda a comunidade acadêmica. Semana passada saiu em um blog da Folha de S. Paulo um texto a respeito disso: http://teoriadetudo.blogfolha.uol.com.br/2013/05/21/fator-de-impacto-o-fetiche-do-cientista/

O autor discorre a respeito do fetiche do pesquisador em publicar em revistas de alto impacto. Para se entender como uma revista é mais importante que outra, cito o trecho deste artigo:

“Independentemente do fator de impacto, algumas publicações sempre terão mais prestígio que outras. E é bom que exista um mercado onde diferentes cientistas disputem espaço por mais atenção. Jornalistas sabem que a probabilidade de uma pesquisa importante sair na “Science” é muito maior do que no “Australasian Journal of Applied Nanoscience”.” Rafael Garcia.

Infelizmente apenas 16 revistas brasileiras tem fator de impacto acima de 1 (vejam na reportagem da Agência Fapesp: http://agencia.fapesp.br/15874). A revista odontológica com maior fator de impacto internacional é a Journal of Applied Oral Science, aqui da FOB-USP. O bacana: ela é aberta e gratuita.

Aqui você pode conferir o fator de impacto de diversas revistas odontológicas internacionais: http://lib.hku.hk/denlib/impactfactor.html

O professor Reynaldo Leite Martins Jr em seu site, comentou alguns achados na área de dor orofacial, no link: http://rlmjdtm.ning.com/forum/topics/fator-de-impacto-de-revista-ci

Outro sistema de avaliação internacional: SJR – SCOPUS SCImago Journal & Country Rank: http://www.scimagojr.com/index.php

No Brasil há um sistema parecido que se chama Qualis (http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis) , e avalia as revistas mais importantes dentro de cada área. Os estratos vão de A a C com subdivisões. De A a B2 as revistas apresentam também associação com fator de impacto como abaixo:

  • A1- Fator de Impacto igual ou superior a 3,800
  • A2- Fator de Impacto entre 3,799 e 2,500
  • B1- Fator de Impacto entre 2,499 e 1,300
  • B2- Fator de Impacto entre 1,299 e 0,001
  • B3 – Periódicos no Pubmed
  • B4 – Periódicos no Scielo
  • B5 – Periódicos em outros indicadores

Abaixo de B3 estão revistas sem fator de impacto, ou seja, que até 2011 não estavam indexadas no sistema Journal of Citation Report.

Vocês podem consultar cada periódico através do WebQualis: http://qualis.capes.gov.br/webqualis/publico/pesquisaPublicaClassificacao.seam?conversationPropagation=begin

Abaixo coloquei uma lista de revistas que publicam artigos relacionados à área de Dor Orofacial e que constantemente estamos procurando artigos. Claro que não listei todas as revistas. Se você tem curiosidade de saber sobre alguma revista não listada, deixe um comentário. Coloquei do maior fator de impacto para o menor (com área de avaliação de Odontologia).

Visitem os sites das revistas. Muitas são abertas (Sleep, Journal of Headache and Pain, Journal of Dental Research, Journal of Applied Oral Sciences….) o que significa que vocês podem fazer download de seus arquivos. Ainda, algumas revistas apresentam sites interessantes com vídeos, figuras e outros tipos de material. Consultem!!

Revista

Fator de Impacto 2012

Site

Lancet Neurology 23.917 http://www.thelancet.com/
Brain 9.915 http://brain.oxfordjournals.org/
Journal of Neuroscience 6.908 http://www.jneurosci.org/
Sleep Medicine Reviews 8.681 http://www.journals.elsevier.com/sleep-medicine-reviews/
Pain 5.644 http://www.journals.elsevier.com/pain/
Sleep 5.100 http://www.journalsleep.org/
Journal of Pain 3.240 http://www.jpain.org/
European Journal of Pain 3.067 http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1002/(ISSN)1532-2149
Journal of Dental Research 3.486 http://jdr.sagepub.com/
Cephalalgia 3.485 http://cep.sagepub.com/
Journal of Sleep Research 3.826 http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1365-2869
Journal of Dentistry 3.200 http://www.journals.elsevier.com/journal-of-dentistry/
The Clinical Journal of Pain 2.552 http://journals.lww.com/clinicalpain/pages/default.aspx
Journal of Orofacial Pain 2.387 http://www.quintpub.com/journals/jop/gp.php?journal_name=JOP
Headache 2.937 http://www.headachejournal.org/view/0/index.html
Journal of Headache and Pain 2.779 http://www.springer.com/medicine/journal/10194
Clinical Oral Investigations 2.200 http://www.springer.com/medicine/dentistry/journal/784
European Journal of Oral Sciences 1.420 http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1600-0722
Journal of American Dental Association 1.773 http://jada.ada.org/
Archives of Orol Biology 1.549 http://www.journals.elsevier.com/archives-of-oral-biology/
Journal of Oral Rehabilitation 2.344 http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1365-2842
Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology Oral Radiology 1.495 http://www.ooooe.net/
International Journal Phostodontics 1.376 http://www.quintpub.com/journals/ijp/gp.php?journal_name=IJP
Journal Prosthetic Dentistry 1.324 http://www.journals.elsevierhealth.com/periodicals/ympr
Arquivos de Neuro-psiquiatria 0.827 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0004-282X
Cranio 1.111 http://cranio.com/
Journal Applied Oral Science 0.797 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1678-7757&lng=en&nrm=iso

Alô Santo Google, não me odeie por tantos links citados! rs… (piada interna – quem é blogueiro entende!).

Decisão clínica e Odontologia baseada em evidências

Esta semana no grupo de Odontologia Estética Brasileira do Facebook foi iniciada uma discussão com uma pergunta curta e direta: o que é Odontologia baseada em Evidências (OBE)?

Eu já expus este tema aqui no blog algumas vezes, em diferentes enfoques e hoje quero disponibilizar a vocês parte da discussão.

Mas antes, senti vontade de esclarecer uma coisa. Talvez eu esteja enganada, mas sinto um certo preconceito com relação a OBE em algumas especialidades odontológicas, como a minha, a DTM e Dor Orofacial. Já ouvi diversas vezes “para vocês tudo tem que ter evidências” e outras frases parecidas. Mas isso não é verdade e nem é assim que esta ferramenta deve ser utilizada.

Tudo na vida é uma questão de equilíbrio (quem já assistiu uma das minhas aulas sabe que esta é a minha frase favorita! 🙂 ).

 

Equilíbrio que deve ser retratado na decisão clínica que tem, na mesma importância, os pilares: a experiência profissional, o custo/benefício do tratamento, a vontade do paciente e a melhor evidência possível na época. Então, nem oito, nem oitenta!

Dito isso, achei muito interessante o editorial compartilhado pelo colega Luis Felipe Schneider. Ele relatou que quando era editor da Revista da Faculdade de Odontologia de Passo Fundo convidou o Prof. Sakaguchi, da Oregon Health & Science para escrever um editorial sobre Odontologia baseada em Evidências. Para que o texto seja lido por um maior número de pessoas, tomei a liberdade de fazer uma tradução livre do editorial. Logo abaixo segue a versão original.

 

O que é Odontologia Baseada em Evidências?

 

A American Dental Association (ADA) define Odontologia baseada em evidências (OBE) como “uma abordagem para cuidado com a saúde oral que requer uma integração sensata de avaliação sistemática da evidência científica relevante clinicamente, relacionada a condição e histórico oral e médico do paciente, com a experiência clínica do dentista e a necessidade e preferência do paciente”. 

Há vários elementos importantes nesta definição. Primeiro, é importante notar que a OBE inclui três componentes: 1. avaliação sistemática da evidência científica relevante clinicamente; 2. a experiência do dentista, e 3. a necessidade e preferência do paciente. Segundo, é importante lembrar que a OBE é a integração destes três componentes. Muitos clínicos assumem que OBE consiste somente nas evidências científicas e esquece os outros dois fatores.

É também importante lembrar que a “evidência científica” é a melhor evidência disponível e válida. Às vezes uma revisão sistemática ou de metanálise pode não estar disponível para responder uma questão. Neste caso, evidência de menor validade, como resultados de um estudo coorte, caso controle ou relato de caso pode ter que ser suficiente. Isso não significa que não há evidência disponível.

A experiência profissional e as preferências do paciente tem um papel importante no planejamento do tratamento. Indiferente da evidência científica  que podem sugerir um determinado tratamento, se o clínico não tem experiência com um procedimento em particular, o prognóstico pode ficar comprometido. As preferências do paciente também são importantes pois o paciente é que deve tomar a decisão final. O paciente deve tomar a decisão que é ajustada ao risco, baseada em evidência, guiada pelo julgamento e experiência clínica e a preferência do paciente. (ADA EBD Champion Conference, May 2-3, 2008).

Como o clínico pode aplicar a OBE?

A ADA recomendou uma abordagem de prognóstico centralizada no paciente denominada Assess – Advice – Decide (Aborde, Aconselhe, Decida). A etapa de abordagem do clínico inclui a tomada da história, valores e preferências do paciente, exame clínico apropriado, testes diagnósticos, análise dos fatores de risco, opções de tratamento apropriadas e a força da evidência que suporta os diagnósticos diferenciais e as opções de tratamento. A etapa de aconselhamento inclui uma revisão da avaliação clínica e fatores de risco e a informação ao paciente das opções de controle e tratamento baseadas na OBE e na experiência do clínico. A etapa de decisão é do paciente e é baseada na informação recebida pelo paciente, sua experiência pessoal, julgamento, preferência e valores.

Estes três passos são diretrizes simples para atingir OBE na prática.

 

Ronald L. Sakaguchi

A RFO/UPF é uma revista com acesso livre. Para quem quiser visualizar o seu conteúdo, basta realizar cadastro pelo sistema SEER:
http://www.upf.br/seer/index.php/rfo

A OBE está sempre em evolução. E friso que o custo/benefício de uma terapia deve ser também levada em consideração.

Fui incisiva quando relatei certa vez também no facebook que ajuste oclusal para tratar DTM não deve ser mais realizado (antes de colocar no comentário que o estudo da oclusão é importante, leia que é uma terapia para tratar uma DTM, ok?). E baseada em quê que afirmei isso? Primeiro baseada na melhor evidência disponível, uma revisão de metanálise, publicada em revista de alto impacto, com conclusão afirmativa. Depois na minha experiência clínica, onde percebo que o resultado poderia ser o mesmo com terapias não invasivas e reversíveis (sim, já tratei DTM com ajuste oclusal no passado) e depois pelo custo/benefício para o paciente. Ou seja, não confiei somente na evidência e sim em toda vivência. E é por estas e outras que meu conselho maior a todos é ter pensamento crítico e tomar a sua decisão clínica.

E acho que cabe mais uma coisa aqui. Como saber qual é a melhor evidência disponível? Papel aceita tudo e o número de trabalhos publicados com metodologia e conclusões inadequadas é incrível. Por que isso acontece? Porque a publicação é essencial para o currículo do profissional que é estimulado a produzir em maior quantidade e velocidade. Isso faz com que a publicação deixe de servir ao avanço científico.

Então como confiar?

Uma das formas (não infalível, diga-se de passagem) é consultar revistas de alto fator de impacto da nossa área. Por que? Porque para se publicar nestas revistas o artigo passou pelo crivo do editor, e de pelo menos dois revisores independentes. Isso demanda tempo, correções e debates, mas torna a publicação adequada ao seu fim.

Para ler mais sobre fator de impacto, clique aqui.

Vou fazer depois uma postagem só com as revistas de maior impacto na área de dor.

A versão original do Editorial da RFO/UPF (incluindo os links):

What is Evidence-Based Dentistry (EBD)? 
The American Dental Association (U.S.A.) defines evidence–based dentistry as:
“An approach to oral health care that requires the judicious integration of systematic assessments of clinically relevant scientific evidence, relating to the patient’s oral and medical condition and history, with the dentist’s clinical expertise and the patient’s treatment needs and preferences.” (http://ada.org/prof/resources/ebd/glossary.asp)
There are several important elements of this definition. First, it is important to note that EBD includes three components: 1) systematic assessment of clinically relevant scientific evidence, 2) dentist’s clinical expertise, and 3) patient’s treatment needs and preferences. Second, it is important to remember that EBD is the integration of all three components. Many clinicians assume that EBD consists only of scientific evidence and forget the other two critical factors. 

It is also important to remember that ‘scientific evidence’ is the best available and most valid evidence. Sometimes, a metanalysis or systematic review might not be available to answer the question being considered. In that case, evidence of lower validity, such as the results from a cohort study, case control study, or case report might have to suffice. This does not mean that no evidence is available. 

Clinician experience and patient preferences play a major role in treatment design. Regardless of the scientific evidence that might suggest a particular treatment, if the clinician is not experienced with a particular procedure, the outcome will be compromised. Patient preferences are also important considerations because the patient is the final decision maker. The patient should make treatment decisions that are ‘risk-adjusted, evidence-based, clinician judgment/experience-guided and patient-preferred’ (ADA EBD Champion Conference, May 2-3, 2008). 

How can clinicians apply EBD? 
The American Dental Association recommends a patient-centered outcomes approach called, Assess-Advise-Decide (http://ada.org/prof/resources/ebd/conferences_assess.pdf). The Clinician Assessment step includes a thorough history, patient preferences and values, appropriate clinical assessment, diagnostic tests, risk factor assessment, appropriate treatment/management options, and strength of evidence to support the differential diagnoses and treatment options. The Clinician Advice step includes a review of the clinical evaluation and risk factor assessment, and advising the patient with potential treatment/management options based on EBD and clinician experience. The Patient Decision step is a decision based on the advice the patient received, their personal experience, judgment, preferences and values. 

These three steps are simple guidelines to achieve Evidence-Based Dentistry in practice. 

Ronald L. Sakaguchi

Odontologia baseada em Evidências

Sexta feira passada ministrei uma aula sobre Odontologia baseada em evidências para a turma de especialização em Implantodontia da Universidade de Franca (UNIFRAN).

Recebi hoje por email de um dos aluno, o colega João Baptista de Lima aqui de Franca, algumas frases que eu disse durante a aula! Achei engraçado ler as frases assim, fora do contexto! Obrigada João! rs….

Vou dividir com vocês as bobagens que eu falo:

A odontologia Baseada em Evidencia (OBE) não é coisa teórica. Hoje é rotina na nossa clinica do dia a dia.

Vamos parar de acreditar em aparências. Um gatinho nunca poderá parecer com um leão. O corvo preto sempre será preto até que você encontre um corvo branco!

Experiência clinica é importante. Mas o fundamental é o estudo, o conhecimento cientifico. É manter-se sempre atualizado!

No mundo de hoje com a internet e o Google não tem mais desculpa: só não é atualizado quem não quer ou tem muita preguiça!

O professor de nossos cursos será sempre o guia. Mas não ele o sabe tudo. Ele desperta sua atenção, mas é VOCÊ que deve ir atrás, fazer pesquisas e formatar o seu ponto de vista!

Para sair da sua macaquice é muito fácil: Comece a pensar e mudar suas atitudes de rotina. Atualize sempre. Busque, pesquise informações atualizadas e forme sua própria opinião. Façam essa experiência e com certeza vocês iram se surpreender. Vale a pena mudar!

Ah! Como eu queria ao menos um copo d’água, pois acho que já falei demais!!!

Abaixo parte da aula ministrada em vídeo. Me inspirei no texto do professor Reynaldo do site http://www.dtmedor.com.br. Publiquei o texto aqui.

5 perguntas sobre Dor Orofacial para… Professor Peter Svensson

Na primeira semana de maio o Professor Peter Svensson esteve na Faculdade de Odontologia de Bauru – USP, a convite do professor Paulo Conti, para ministrar a disciplina Dores Orofaciais para os alunos da pós- graduação. E graças ao professor Conti, eu, a Ana Lotaif e o José Luiz Peixoto Filho pudemos participar como alunos convidados. Obrigada, Conti!!!

Peter Svensson é professor da Universidade de Aarhus, Dinamarca, onde é chefe da disciplina de Fisiologia Oral na Faculdade de Odontologia e também integra o MINDLab, Centro de Neurociências Integrativa Funcional no Hospital Universitário. Também, é editor chefe do Journal Oral Rehabilitation e presidente do consórcio internacional do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) de 2010 até 2013.

Foi uma semana extremamente gratificante, quando nós pudemos aproveitar palestras muito interessantes e confirmar tanto a experiência em pesquisas quanto a capacidade de ensino do Professor Svensson. Os tópicos apresentados foram sobre os mecanismos das DOF, uma atualização sobre Bruxismo e Dor Orofacial Neuropática, e o processo evolutivo do DC/TMD. Espero de coração que este seja apenas um primeiro encontro!

Voltando de Bauru, o José Luiz teve a idéia de iniciar aqui no blog uma série de entrevistas sobre DTM e Dor Orofacial, com pessoas envolvidas em atividade clínica, ensino e pesquisa nessa área, as “5 perguntas para…”, e nós estamos muito orgulhosos de iniciar com o Professor Peter Svensson.

E lá vamos para a primeira!

On the first week of May, Professor Peter Svensson was at the Dental School of Bauru – USP, invited by Professor Paulo Conti, to present lectures on Orofacial Pain to post-graduate students. And thanks to Professor Conti, I, Ana Lotaif and José Luiz Peixoto Filho could atend as invited students. Thank you, Conti !!!

Peter Svensson is professor at the University of Aarhus School of Dentistry division of Clinical Oral Physiology, and holds an appointment at the University Hospital in the MindLab (Functional Integrative Neuroscience Center). Also, he is the chief editor of the Journal of Oral Rehabilitation and president of the International Consortium – Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC / TMD) – from 2010 to 2013.

 It was an extremely rewarding week, and we could enjoy very interesting lectures and confirm the experience on research and teaching skills of Professor Svensson. The topics presented were a review on Orofacial Pain mechanisms, an update on Bruxism and Orofacial Neurophatic Pain, and the evolving process of the DC / TMD. I hope with my heart that we can meet again in the future!

Back from Bauru, José Luiz had the idea to start in the blog a series of interviews on TMD and Orofacial Pain with people involved in clinical, teaching and research in this area, the “5 questions to…”, and we are very proud to start it with Professor Peter Svensson.

And here we go!

5 perguntas para Peter Svensson – 5 questions to Peter Svensson

1) Como é o ensino do tema Dor Orofacial e DTM em seu país?

How is the Orofacial Pain and TMD teaching in Denmark? Do dental students have it as a regular discipline? Is OFP/DTM a recognized specialty in Dentistry at your country?

Na Dinamarca os alunos de Odontologia tem 2 anos de formação em Fisiologia Oral, que abrange as DTM e a Dor Orofacial (DOF). Assim, eles aprendem a avaliar, diagnosticar e tratar esses pacientes. Infelizmente, não existe oficialmente a especialidade de DTM e DOF na Dinamarca, mas atualmente estamos trabalhando junto ao Conselho Nacional de Saúde para ver se conseguimos ter mais especialidades odontológicas na Dinamarca (atualmente existem apenas duas especialidades oficializadas: a Ortodontia e a Cirurgia Buco-Maxilo-Facial). Isso faz com que os Dentistas clínicos sejam capacitados a diagnosticar e tratar os tipos mais comuns de DTM e DOF – e também saber quando e como encaminhar pacientes, por exemplo, ao nosso departamento.

Dental students in DK have 2 years of training with oral physiology which covers TMD / OFP. So they get to see and diagnose and treat patients. Unfortunately, there is no official specialty in OFP in DK but we are currently working with the National Board of Health to see if we can manage to get more specialities in DK (only 2 officials: ortho – and oral and maxillofacial surgery).This also demands that “normal” dentists can diagnose and treat the most common types of OFP and TMD – and know when and how to refer to e.g. our department.


2) Que áreas lhe despertam interesse em pesquisas atualmente?

What are your present research interests in the OFP/TMD area?

Estou muito interessado na plasticidade do córtex cerebral e na importância do cérebro na regulação da dor. Também em termos dos efeitos do treinamento, o cérebro é extremamente envolvido e importante. Ainda, existe um amplo leque de pesquisas que vão desde o estabelecimento de perfis somatossensoriais de diferentes condições de Dor Orofacial até o emprego de vários tipos de técnicas de eletrofisiologia (estudos de EMG / reflexos / mastigação / e condução nervosa). Nós gostamos de ter uma abordagem experimental e também clínica no estudo das DOF. O principal objetivo é aprender mais sobre os seus mecanismos para ajudar a melhorar o seu diagnóstico e tratamento.

I am very interested in cortical plasticity and the importance of the brain in the regulation of pain. Also in terms of training effects the brain is extremely involved and important. Otherwise there is a wide span of research from somatosensory profiling in different OFP conditions to various types of electrophysiology (EMG / reflexes / mastication / nerve conduction studies). We like to take an experimental but obviously also clinical approach to the study of OFP. The main goal is to learn more about mechanisms to help improve diagnosis and management.

3) Testes Quantitativos Sensoriais (TQS – QST): instrumento de pesquisa com possível aplicação clínica? Por favor comente.

Is QST a research instrument with clinical application? Please comment on that for us.

TQS (QST) é uma técnica maravilhosa, mas requer habilidade, diretrizes e um laboratório bem equipado. Portanto, há uma necessidade de se desenvolver técnicas mais simples,”semi”-quantitativas, porém confiáveis e válidas e que possam ser utilizadas no ambiente clínico odontológico. Acredito que o estabelecimento de perfis somatossensoriais é uma forma muito útil para caracterizar o fenótipo dos pacientes – e que este conhecimento pode levar ao desenvolvimento de tratamentos específicos, por exemplo, não apenas para tratar uma condição de DOF específica, mas para tratar uma condição de DOF específica com um perfil somatosensorial específico (por exemplo, uma que apresente alodinia mecânica dinâmica e uma outra que apresenta alodínia térmica).

QST is a wonderful technique but requires skill, guidelines and a well-equipped lab. So there is a need to develop more simple but reliable and valid “semi”-quantitative techniques that can be used chair-side. I believe somatosensory profiling is a very useful way to characterize the endophenotype of the patients – and that this may develop into specific management, e.g., not just to treat a specific OFP condition but to treat a specific OFP condition with a specific somatosensory profile (e.g dynamic mechanical allodynia vs warmth allodynia).

4) Como é sua participação no CONSORTIUM e o novo DC-RDC?

Tell us briefly about your participation in CONSORTIUM and the new DC-RDC.

Eu sou o atual diretor do projeto RDC / TMD e estamos trabalhando no novo DC/TMD (Schiffman et al. – a ser publicado na JADA ainda este ano). Foi um longo processo que contou com a ajuda de muitas pessoas. Acredito que o novo DC/TMD será mais fácil de usar e, naturalmente, fornecer uma medida direta de validade. Por isso, deverá ajudar tanto os clínicos quanto pesquisadores. É muito importante que nós tenhamos uma linguagem “comum” para o diagnóstico das DTM – e é aí que o DC / TMD realmente tem a sua importância. Vou incentivar as pessoas a aderirem ao projeto do DC-RDC/TMD e participarem da sua emocionante evolução – que eventualmente levará a um RDC inteiro para as DOF.

I am the current director of the RDC/TMD consortium and we are working on the new DC/TMD (Schiffman et al. – to be published in JADA – later this year). It has been a long process with the input and help from many people. I believe that the new DC/TMD will be easier to use and of course provide a direct measure of validity. So it should help both clinicians and researchers. It is so important that we have a “common” language in the diagnosis of TMDs – and this is where the DC/TMD really has its importance. I will encourage people to join the RDC/TMD consortium and take part in the exciting developments – that will eventually lead to an entire RDC for orofacial pain.
5. Quais foram suas impressões pessoais sobre as pesquisas em andamento pela equipe de estudantes coordenada pelo professor Paulo Conti na Faculdade de Odontologia de Bauru?

What were your personal impressions with the ongoing researches done by Paulo Conti’s students at Bauru School of Dentistry?

Fiquei extremamente impressionado com os muitos projetos de pesquisa, de alta qualidade e relevantes, apresentados durante a semana. Eles trarão uma boa e duradoura contribuição para o campo das DOF. Além disso, todos os apresentadores fizeram um trabalho muito bom em apresentar e discutir seus projetos em Inglês. Eu não tenho dúvidas que a pesquisa de Dor Orofacial no Brasil está avançando rapidamente – e ajudará a guiar o desenvolvimento clínico também. Estou ansioso para colaborar em alguns dos projetos no futuro!

I have been extremely impressed by the many and high-quality and relevant research projects presented during the week. They will all make good and lasting contributions to the field. Also, all presenters did an extremely good job in presenting and discussing their projects in English. I am not in doubt the OFP research in Brazil is moving fast forward – and will help to guide the clinical development as well. I am looking forward to collaborate on some of the projects in the future!

Obrigada a Ana Cristina Lotaif e ao José Luiz Peixoto Filho pela colaboração nesta postagem!

Esta entrevista também estará disponível no site www.dtmedor.com.br

Evidências

Entre devaneios e feriado com a família, eu li alguma coisa sobre DTM e Dor Orofacial. Bem, eu passei os olhos mais do que li! rs…

Chamou minha atenção uma discussão que estava acontecendo no fórum do site www.dtmedor.com.br

A discussão era sobre um artigo de revisão de literatura que abordava a relação entre DTM e oclusão. Na verdade nem vou entrar no mérito do tema abordado (vou falar sobre isso no Congresso Internacional do Rio de Janeiro! Aguardem informações!), quero falar sobre leitura crítica. O grande problema deste artigo de revisão é exatamente a metodologia. Para ser mais clara, vire e mexe tentamos enfatizar a importância da Odontologia baseada em Evidências. Mas ainda há pessoas que confundem evidências com artigo publicado. Presenciei isso recentemente em uma palestra que assisti e confesso que fiquei chocada com a desinterpretação do que vem a ser evidência. É o que o amigo Marcelo Ugadin postou nos comentários: odontologia baseada em referência e não evidência!

Fonte: Dicionário Michaelis

Nesta história o que me chamou a atenção foi praticamente o uso de artigos que traziam apenas conclusões ou pensamentos que refletiam a opinião do autor. Este é o grande problema deste tipo de trabalho e que gerou uma carta a revista e a discussão no fórum.

A  preferência sempre deve ser dada a trabalhos que revisem toda a literatura ou pelo menos a literatura recente, mesmo não sendo uma revisão sistemática com análise. Eu dei como exemplo no fórum uma  revisão que publicamos sobre cefaleia e fibromialgia. Ali está claro como fizemos o levantamento dos dados, quais as palavras chave utilizadas e quantos artigos e onde foram encontrados sobre o tema.

É o mínimo…

Os trabalhos de revisão são ótimos para tomarmos conhecimento sobre um determinado assunto mas podem atrapalhar se buscarmos trabalhos que apenas reflitam uma opinião pessoal.

No livro Critical Thinking de Donald M. Brunette há um capítulo em que o autor relata exatamente esta situação. Lá ele coloca o exemplo dos casos clínicos publicados. É claro que a publicação de um caso ou série de casos sobre uma patologia é o primeiro passo para se iniciar os estudos sobre ela, mas as evidências sobre o tratamento aplicado são as de mais baixo nível, exatamente porque reflete a conduta do autor e existe, claro, a tendência de se publicar apenas os casos de sucesso.

Acho importante o exercício do pensamento crítico!

Enfim, ufa, pensamento exposto, recado dado! 🙂

P.S.: algumas pessoas estão me perguntando como acessar a discussão. Entrem no site http://www.dtmedor.com.br e façam seu cadastro para ter acesso (é gratuito). Depois é só clicar em fórum que todas as discussões poderão ser visualizadas.

Links de dor orofacial no Facebook: parte II

Continuando a lista de links que coloco na página do facebook do blog (www.facebook.com/dororofacial), agora os links de Janeiro a Março!

A parte I, de Agosto a Dezembro de 2011, está aqui!

Bons cliques!

Janeiro de 2011

Fevereiro de 2011

Março de 2011

Gostaram dos links? Então “curtam” a página do facebook e acompanhem sempre!

Abraços a todos!

Prática clínica baseada em evidências

Gostei muito destes dois vídeos sobre prática clínica baseada em evidências.

São dois vídeos curtinhos, retirados do site Medstudent/Medscape, onde o  Dr. Otavio Berwanger, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa do HCor (São Paulo-SP) faz uma introdução de forma bem clara. Recomendo a todos!

Para ler sobre o assunto na Odontologia: http://www.odonto1.com/blogs/julianabarbosa/?p=549