Como ainda não arrumei aquele tempinho para começar a escrever para valer aqui neste blog, vou postar uns textos do meu antigo blog, que saiu do ar este ano. Este abaixo é um texto curtinho apresentando ardência bucal e SAB. Eu acho que dentre as condições que cursam com dor orofacial, esta talvez seja uma de mais difícil controle!
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Ardência bucal é uma queixa comum nos consultórios odontológicos. Fatores sistêmicos e locais foram citados na literatura como possíveis causas para ardência bucal como: xerostomia, alergia a materiais odontológicos e corrente galvânica, candidíase, deficiências nutricionais (vitaminas B1, B2, B12, ácido fólico, zinco), diabete, mudanças hormonais e lesões orais (ulceras, língua geográfica, periodontite).

Entretanto, em alguns pacientes, observou-se que o tratamento para correção destes fatores não surtia efeito. Além disso, alguns pacientes não apresentavam nenhum fator causal possível.
Assim, houve a necessidade da distinção entre o sintoma ardência bucal e a síndrome da ardência bucal (SAB) propriamente dita.
A classificação da Associação Internacional para o Estudo da Dor para dor crônica define a glossodínia como ardência em língua ou em mucosa oral, mas não define se esta ardência é apenas um sintoma ou parte de uma síndrome. Esta distinção aconteceu em 2004, através da Segunda edição da Classificação Internacional de Cefaléias que realizou a descrição da SAB como ardência em boca sem causa dental ou médica, associado ou não a alterações gustativas e xerostomia.
A SAB é mais prevalente em mulheres na 6ª e 7ª década de vida, afetando 1,5 a 5,5% desta população. A ardência tem intensidade moderada a forte e pode variar durante o dia. A ardência é bilateral na maior parte dos casos, não seguindo a trajetória anatômica dos nervos periféricos, sendo tipicamente relatada em mais de um local. A língua é o local mais afetado, seguido de lábios, palato e bochecha. O início dos sintomas é geralmente espontâneo, sem fatores precipitantes identificáveis. Em um terço dos pacientes, o início é relacionado a um procedimento odontológico, doença recente ou uso de medicações. Uma vez iniciada, a ardência pode se manter por anos.
A fisiopatologia da SAB ainda é desconhecida. Recentes estudos indicam que a SAB pode estar relacionada a mecanismos de dor neuropática, percebendo-se mudanças em sistema nervoso central e periférico. Na literatura encontram-se relatos de hipoestesia, alterações no limiar a dor, neuropatia de fibras nervosas finas em língua e hipofunção do sistema dopaminérgico, sendo que a dopamina é um neurotransmissor importante no sistema nervoso central. Depressão e ansiedade são doenças acompanham a SAB em muitos casos, mas não necessariamente fazem parte de sua fisiopatologia.
É importante o cirurgião-dentista conhecer esta patologia, realizar diagnóstico diferencial a outras causas de ardência bucal e, caso necessário, encaminhar o paciente ao profissional habilitado a realizar o tratamento da SAB.
Atenção!!! Devido ao grande número de comentários e busca de ajuda sobre ardência bucal, decidi retirar o espaço para comentários afim de não expor os problemas pessoais de cada um na internet. Assim, caso tenham alguma pergunta, entrem em contato pelo email: juliana.dentista@gmail.com
Abraços!!
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