Ontem fui organizar pela milésima vez o armário onde guardo os artigos que imprimo. Ainda bem que hoje com toda a tecnologia disponível o que menos uso é a impressora. Não teria espaço para tanta coisa. Mas sempre há um artigo ou outro que gosto de imprimir para ler e reler mais atentamente. O que acontece é que se deixo na mesa vira uma bagunça só e se guardo no armário, esqueço que existe!!!
Isso aconteceu com um artigo dos professores Klasser e Greene que encontrei ontem que foi publicado em fevereiro de 2009. Imprimi e não li. Adoro os artigos do professor Charles Greene e já o citei aqui no blog aqui e aqui. Ele aborda temas polêmicos com muita clareza.
Atraída pelo título (The changing field of temporomandibular disorders: what dentists need to know – O campo de mudança nas disfunções temporomandibulares – o que os dentistas devem saber) resolvi dar uma pausa na poeira e ler o dito cujo.
A parte específica sobre etiologia me chamou a atenção.
Este trecho começa com uma frase publicada pelo professor Greene onde ele relata a necessidade, a ansiedade do profissional que busca saber a origem da dor do paciente, em especial na ausência de uma lesão explícita. E neste contexto o texto segue descrevendo que dependendo do campo da Odontologia ou de outras áreas da saúde em que a DTM for abordada, várias hipóteses etiológicas possivelmente são descritas. Cita como exemplo a ortodontia que aborda a hipótese com conceitos de desarmonia estruturais ou fisioterapeutas que se baseiam na noção de que a “má” relação craniocervical possa causar uma DTM. Os autores demostram que vários estudos já foram realizados e que estas condições parecem ser mais comórbidas a DTM do que realmente fatores causais, apesar que sutilmente relatam que muitos ainda não entendem este conceito. Depois escrevem também a questão da oclusão, especialmente na área da reabilitação oral, cuja relevância na etiologia das DTMs é questionável, sobretudo em condições crônicas. Quando condições oclusais são associadas a DTM, estas variam tanto que é impossível indicar uma situação específica.
Fatores como micro e macro trauma, fatores psicológicos são citados e os autores fazem um comentário interessante sobre o modelo biopsicossocial. Relatam as limitações dos procedimentos de diagnóstico assim como das ferramentas psicométricas utilizadas na clínica o que leva acarreta na inabilidade de se acessar todas as variáveis (biológica, psicológica e social) envolvidas neste modelo.
Quero aqui destacar uma frase:
Os autores expuseram o exemplo de dor em ATM, sem um evento específico desencadeante ou uma causa plausível, que pode ser controlada com medicamentos, dispositivos interoclusais e fisioterapia em várias combinações.
Este trecho encerra citando que por estes conceitos fundamentais, dentistas podem utilizar terapias “low-tech and high-prudence” na abordagem do paciente com DTM.
O texto segue relatando as futuras direções no campo das DTMs, sobretudo com relação a genética, patofisiologia e fatores preditivos.
Vale a pena a leitura e reflexão!
Acho que se este artigo fosse resumido em uma frase seria: quem anda para trás é caranguejo! 🙂 Bora para frente gente!
Quer ler o texto completo também? Clique aqui então: http://www.cda-adc.ca/jcda/vol-75/issue-1/49.pdf
Juliana, boa lembrança , mas cá entre nós : haja caranguejo! rs
rs… Boa viagem para vcs!! Quero saber as novidades na volta, viu?
Como sempre a Dra JUliana prestando um grande serviço a classe.
Marcio
Muito bom !
Oi Juliana, tive oportunidade de ler e utilizar este artigo como guia ao realizar meu TCC de Especialização em Dor e DTM, orientado pelo querido Prof. Eleutério Martins. Devemos concordar quando os autores afirmam que “…o modelo biopsicosocial promove uma abordagem de manejo e reabilitação, ao invés de fornecer uma falsa expectativa de cura permanente(ainda menos provável em condições cronicas).” Valeu sacudir a poeira!!!! Gracias
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