Rapidinhas: classificação de dor crônica

Não sei o motivo pelo qual nunca postei aqui, mas revisando hoje para confeccionar o poster que vou levar ao congresso da IASP, entre no site para ler sobre a taxonomia e me lembrei da classificação de dor crônica.

A IASP (Associação Internacional de Estudo da Dor) lançou em 2011 a segunda edição de sua classificação. Acho bacana conhecer não só esta como a Classificação Internacional das Cefaleias para pontuar o que trabalhamos e as condições que podem coexistir em nosso paciente.

Clique na foto para verificar!

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Entrevista com Prof. Paulo Conti – DTM e Bruxismo

Na semana passada fomos surpreendidos por uma entrevista do Prof. Paulo Conti, professor da FOB-USP e coordenador do Bauru Orofacial Pain Group, no programa Saúde em Prática da TV Unesp de Bauru.

Uma entrevista bem esclarecedora para a população, falando sobre tipos de disfunções temporomandibulares (DTM), ruídos, cefaleias, bruxismo, má oclusão (desmistificando seu papel) e tratamentos (enfatizando os conservadores, explicando papel das placas, etc).

Vale a pena assistir!

Dê um play! 😉

Rapidinhas: Classificação Internacional de Cefaleias em Português

Estou hoje “dando um trato” nas aulas de dor neuropática e fui atrás da Classificação internacional de Cefaleias, terceira edição, em português (ICHD-3). Ainda não encontrei no Português brasileiro (estou de olho no site da SBCe!)  mas achei no de Portugal.

Acho que já quebra o galho daqueles que não gostam de ler em ou não entendem bem a língua inglesa!

Para baixar basta clicar na figura abaixo!

Super útil!

#ficaadica

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Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono – Terceira Edição

Este ano a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono foi atualizada.

Eu sabia disso. Mas quando entrei no site da American Academy of Sleep Medicine (AASM) fiquei sabendo que teria que desembolsar 60 dólares para adquirir a classificação. Não o fiz no momento e acabei esquecendo.

Sorte a minha.

Dias desses o professor e meu colega de doutorado Yuri Martins Costa me questionou sobre a classificação. Disse a ele que tinha visto e ia adquirir via site.

Mas…

Yuri sempre atualizado avisou: baixe o aplicativo para tablets da AASM e você terá acesso a classificação, sem necessidade de login, nem nada!

\o/

E foi o que eu fiz!

O aplicativo se chama AASM Library. O acesso e leitura do texto só pode ser através do aplicativo para smartphones e tablets em iOS e Android.

Seguem algumas imagens do aplicativo!

Na tela do iPad

Na tela do iPad

 

 

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Depois é só clicar sobre o ícone da classificação.

Depois é só clicar sobre o ícone da classificação.

 

E aí está!

E aí está!

E aqui os critérios de diagnóstico do bruxismo relacionado ao sono...

E aqui os critérios de diagnóstico do bruxismo relacionado ao sono…

 

#ficaadica

Valeu mestre Yuri! 

Classificação Internacional das Cefaleias

Como todos sempre me perguntam onde conseguir a Classificação Internacional das Cefaleias e como o professor Paulo Conti acaba de falar sobre isso aqui na aula do curso de atualização em DTM e Dor Orofacial de Bauru, resolvi disponibilizar os arquivos aqui no blog! Eles estão também disponíveis no site da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

São 4 arquivos que compõe toda a classificação. Façam download e tenham sempre acesso a estes arquivos para ajudar seu paciente no diagnóstico!

Segue abaixo:

Primeira parte

Segunda parte

Terceira parte

Quarta parte

Neuralgia do trigêmeo

A primeira coisa que fiz antes de começar este texto foi checar se eu ainda não havia escrito sobre neuralgia do trigêmeo aqui no blog. E eu mesma me assustei ao ver que ainda não!

Por que isso? Bem, toda vez que começo uma aula sobre dor neuropática, após as explicações básicas (neuroanatomia, definição, fisiopatologia geral, etc), eu coloco um caso clínico. Este sempre é (atenção futura plateia) um caso de neuralgia do trigêmeo. Afinal, quero começar com algo mais familiar ao cirurgião dentista e, penso que  a maioria deve já conhecer a condição clínica.

Mas, o que acontece, A MAIORIA dos cirurgiões dentistas NÃO reconhece esta dor neuropática!

E fico triste e até um pouco brava. Primeiro porque esta é a dor orofacial descrita há mais tempo no mundo (há uma descrição na Bíblia!), segundo porque os pacientes com neuralgia do trigêmeo sofrem muito até receberem o diagnóstico e o que mais acontece é a exodontia de dentes, ou a privação do uso de próteses, enfim, procedimentos odontológicos sem diagnóstico correto.

Ainda, é incrível o número de pessoas (pacientes ou dentistas) que descrevem qualquer dor forte como neuralgia do trigêmeo, quando na verdade, não há o diagnóstico.

O que acho que está acontecendo? Falta de preparo na graduação. Pelo número de procedimentos odontológicos realizados de forma iatrogênica em pacientes com esta condição, acho que esta merecia destaque na grade curricular. Espero que com a divulgação maior da especialidade este quadro se reverta.

Nesta mesma aula há um texto de 2005 do Prof. Siqueira, profissional de quem tenho o maior respeito pela sua luta pela divulgação das dores orofaciais, do qual destaco um trecho (texto integral aqui):

“Segundo o especialista em dor orofacial do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina de USP, José T. Siqueira, de cada 100 mil habitantes, quatro apresentam a síndrome. As crises, em 74% dos casos, ocorrem na boca, levando à extração desnecessária de dentes, entre outros procedimentos cirúrgicos que resultam no aumento da dor e do sofrimento do doente.
Pacientes perdem dentes, fazem próteses e, depois, descobrem que não conseguem usá-las, pois desencadeiam a temível dor do “trigêmeo”, alertou Siqueira.
O desconhecimento da enfermidade por parte dos profissionais da saúde, da área médica e da população retarda o diagnóstico da doença, aumentando o sofrimento dos doentes. O tratamento da neuralgia trigeminal é longo e exige acompanhamento de equipes treinadas. Em muitos casos, explicou o especialista, a neurocirurgia pode ser indicada.”

Toda vez que falo ou escrevo sobre este assunto me lembro de um caso, lá no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Um senhor estava internado com este quadro. subi para visitá-lo e ao saber que eu era dentista, logo pegou o par de prótese total que descansava no copo na mesa ao lado da cama. Me disse com tristeza: “Não consigo usar doutora. Fui a uma escola de odontologia aqui e por culpa da dor, extraíram meus dentes e fizeram esta dentadura. Mas agora não consigo usar”.

A tristeza dele não sai da minha memória. O diagnóstico dele? Neuralgia do trigêmeo, secundária a um tumor benigno, localizado próximo ao gânglio de Gasser.

Motivada por este caso, fiz um trabalho que publicamos na revista da ABO, onde revisei os prontuários do hospital para verificar as características destes pacientes. Com relação aos fatores de desencadeamento da dor, a mastigação dominava as queixas, com 47,2% dos casos. Não é estranho então que muitos pacientes procurem o cirurgião dentista no primeiro atendimento!

Então, na missão de divulgar as dores orofaciais, seguem abaixo algumas características da neuralgia do trigêmeo!

A neuralgia do trigêmeo está classificada pela Classificação Internacional das Cefaleias no item 13. É subdividida em neuralgia clássica do trigêmeo e neuralgia trigeminal sintomática.


 

Resumidamente:

  • Dor unilateral, forte na face, tipo “choque elétrico” (lancinante).
  • Segundo e terceiro ramos do trigêmeo são mais comumente afetadas
  • Idade comum: sexta e sétima décadas de vida.
  • Mulheres ligeiramente mais afetadas do que homens (3:2)
  • Dor é estimulada, dura de segundos a no máximo 2 minutos. Várias crises durante o dia podem ocorrer.
  • Zona gatilho: área da qual a dor é ativada. Assim, pode mimetizar uma odontalgia.
  • Bloqueio anestésico na zona gatilho alívia os disparos de dor.
  • Fisiopatologia da Neuralgia Clássica do Trigêmeo (NCT): compressão vascular do nervo trigêmeo com desintegração da bainha de mielina com desmielinização – processo degenerativo progressivo. Das sintomáticas: neoplasias, infecções, traumas, esclerose múltipla, por exemplo.
  • Tratamento de primeira escolha: medicamentoso, com anticonvulsivantes (Carbamazepina, oxcarbamazepina…)

Enfim, é isso! Bom final de semana a todos!

 

Classificação Internacional das Cefaleias

Este post foi uma sugestão do colega Maurício Bernardes. Se preparem que é um longoooo post!

Eu cito muitas vezes a Classificação Internacional das Cefaleias (CIC) e como é algo tão familiar para mim, deixo de apresentar ou falar mais sobre isso. Eu sei que muitos não a conhecem ou não estão familiarizados.

Eu acredito que um tipo de classificação assim faz falta para nós que estudamos e trabalhamos com dor orofacial. Os neurologistas tem a vantagem de poder falar a mesma língua, em todo o planeta, quando adotaram a CIC, o que não acontece conosco. Só para DTM, quantas classificações você conhece? Posso citar, Bell, Academia Americana de Dor Orofacial, RDC/TMD…. fora as adotas por cada serviço ou autor. E aí que começa a dificuldade em realizar estudos com amostras homogêneas, trocar experiências sobre tratamentos, etc…

Mas vamos voltar a CIC. O que eu acho mais bacana nesta classificação é que ela não é imutável, pelo contrário, está em constante atualização. Hoje, está na sua segunda edição, publicada em 2004 na revista Cephalalgia. Esta edição já apresenta alguns adendos, publicados em outras edições da mesma revista, que buscam aprimorar os critérios de diagnóstico das condições que cursam com cefaleia.

Um deles foi a modificação dos critérios de diagnóstico para Migrânea Crônica.

A CIC é extensa. Inicia dividindo as condições em três grandes capítulos: cefaleias primárias; secundárias; e neuralgias cranianas, dor facial primária e central e outras cefaleias.

Cefaleia primária é definida como a dor que ocorre na cabeça sem relação temporal com outro transtorno que poderia ser reconhecido como causa de cefaleia. As cefaleias secundárias englobam vários tipos diferentes de cefaleia associadas a uma causa subjacente.

Dentre as cefaleias secundárias está a dor facial por DTM. Mas infelizmente sua descrição na CIC não é adequada.

Pelo que vocês podem perceber, a CIC só descreve a dor facial associada a uma DTM articular. Podemos tecer outras críticas como só poder classificar esta cefaleia se um transtorno da ATM for tratado de forma eficaz. Até então, o paciente teoricamente não receberia este diagnóstico.

Mas, e a DTM muscular. Bem, aí não há um item específico. Em algumas situações, uma dor localizada no temporal oriunda de pontos gatilhos miofasciais ,  pode ser classificada como cefaleia tipo tensional associada a dolorimento pericraniano, um subtipo de cefaleia primária! A fisiopatologia da cefaleia tipo tensional associada a presença de pontos gatilhos miofasciais tem sido estudada intensamente por um grupo de pesquisadores da Espanha, liderados pelo Prof. Fernando De-Las-Peñas. Ainda, a cefaleia por DTM muscular pode ser classificada no item 11.8 Cefaleia atribuída a outro distúrbio do crânio, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, seios da face, dentes, boca ou outras estruturas faciais ou cervicais. Ou seja, nada muito específico.

Ano passado ouvi o Prof. Schiffman, em palestra realizada durante o Congresso do Comitê de Dor Orofacial da SBCe (atenção, informações sobre o congresso deste ano em www.sbcefaleia.com/gramado) que há um grupo já estudando para modificar e aprimorar estes itens da classificação para que seja possível critérios de diagnóstico mais sensíveis e confiáveis para DTM.

Outras condições de dor orofacial estão classificadas na CIC como, por exemplo, as dores dentárias (item 11.6), odontalgia atípica (item 13.18.4), síndrome da ardência bucal (item 13.18.5) e neuralgia do trigêmeo (item 13.1) entre outras.

Quem se interessa no assunto dor orofacial deve conhecer os critérios de diagnóstico da CIC e tê-la sempre por perto para consulta, seja para diagnóstico e tratamento, seja para realizar o diagnóstico diferencial entre as condições clínicas apresentadas pelo paciente e poder referir  este paciente ao médico com tranquilidade.

Sugiro que vocês acessem a classificação na íntegra:

Existem exemplares em português a venda. Veja pelo google!!

Enquanto escrevia este post, me lembrei de casos onde a cefaleia primária muda sua localização habitual e acomete a face ou mesmo dentes. Este diagnóstico é difícil de ser realizado e requer conhecimento destes critérios. Acho que já tenho mais um tema para um próximo post! 🙂