#chateada

Olá pessoal! Pois é, fiquei um tempão sem escrever aqui no blog e resolvo iniciar o ano com um título de postagem deste: chateada.

Juro que tentei mas não consegui trocá-lo. É o que estou sentindo agora ao ler a programação oficial do CIOSP (Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo), o maior congresso de Odontologia do Brasil.

Por que?

Bem, folheie atentamente o jornal que recebi hoje em busca de algum curso, palestra, citação sobre a especialidade Disfunção Temporomandibular (DTM) e Dor Orofacial. Sabe o que encontrei? NADA.

Significado de Nada (http://www.dicio.com.br/nada/)
s.m. A não-existência, o que não existe; o vazio: depois da morte, o nada.
Coisa nula, sem valor; bagatela, ninharia, inutilidade, nonada: mãos habilíssimas que convertem nadas em verdadeiras jóias.
Filosofia. Categoria filosófica que representa o não-ser, a ausência de existência: a principal obra filosófica de Sartre é “O ser e o nada”.
Pron. indef. Coisa alguma, nenhuma coisa (por opos. a tudo): não há nada dentro da gaveta.
Alguma coisa, algo (em perguntas, embora raramente): há nada mais natural que os extremos opostos se atraírem?
De nada; por nada, não há de quê; não tem de quê (usados como resposta cortês às fórmulas de agradecimento “obrigado”, “muito obrigado”, “agradecido” etc).
loc. adj. De nada, insignificante, irrisório, que merece pouca consideração, que inspira pouco ou nenhum temor ou respeito: homenzinho de nada.
Nada mau, melhor do que se esperava, razoável.
Nada bom, nem um pouco bom, péssimo.
Nada feito, em vão, inutilmente.
Nada disso!, de forma alguma, de jeito nenhum.
Nada de novo, nenhuma novidade.
loc. adv. Antes de mais nada, primeiramente, em primeiro lugar, antes de tudo.
loc. adv. Por nada; por um nada; por um triz, por pouco.
loc. adv. Há nada, ainda há pouco, ainda agora, há pouco tempo atrás: há nada, vi-o passar.
loc. adv. Nada obstante, não obstante, todavia.
loc. conj. Nada menos, contudo, todavia.
Nada de; nada mais de, não convém, não se deve, não é bom.
Não servir de (ou para) nada, ser perfeitamente inútil, não ter serventia.
Não prestar para nada, não ter préstimo, utilidade ou aplicação.
Não se dar nada a alguém com (ou de) alguma coisa, não lhe importar, ser-lhe indiferente: já não se lhe dá nada de que o chamem de bêbedo.
Ter em nada, estimar em nada, não dar apreço, não considerar valioso.
Não ter nada a ver com (um fato, uma situação, uma pessoa), não estar envolvido em ou com, não ter responsabilidade ou culpa alguma.
Não ser nada (de uma pessoa), não ser parente ou amigo dessa pessoa, não ter laço ou compromisso com ela.
Não ter nada de, não ser, e muito pelo contrário, nem sequer parecer.
Vir do nada, ser de origem humilde, de baixa extração.
Bras. Pop. Não ser de nada, ser um conversa-fiada, não ser capaz ou não ter o hábito de cumprir as ameaças que faz ou os desígnios em que se empenha.
 

NADA.

Tudo bem que você aí pode dizer, ah, mas DTM e Dor Orofacial não é uma especialidade assim tão popular como as demais. Meu amigo João Padula sempre me lembra que estamos na segunda divisão do Brasileirão. Mas estamos lutando e acho que, assim como a Portuguesa, não deveríamos aceitar estar nesta situação!

E não é uma especialidade popular para quem não sofre com algum problema de Dor Orofacial.

Eu recebo TODOS os dias emails de pacientes desesperados por ajuda. São do Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, etc. Todos buscam auxílio, indicação e tirar dúvidas. Muitas vezes não sabem a quem recorrer quando apresentam ardência bucal. Outras vezes foram ao dentista que para tratar um estalo ou dor de cabeça sugere aos pacientes uma correção da oclusão, o que falha e frusta. Por que os recebo? Porque a maioria dos meus colegas da classe odontológica não se informa, não se interessa e não se atualiza sobre esta especialidade.

Daí, como é que faz?

Nem no principal congresso de odontologia teremos espaço este ano! É preciso espaço todos os anos. E pior, depois, na feira odontológica, claro que as empresas que vendem aquelas placas pré fabricadas ou a toxina botulínica estarão ali vendendo seus produtos para os dentistas que não sabem realizar diagnósticos mas já querem o tratamento. E os emails que recebo assim: o que você acha do uso desta ou daquela técnica? E respondo: para qual diagnóstico? e me respondem: para dor na face. 😦 mas isso é um sintoma meu colega…

É ou não é? #chateada.

Se você é dentista, mas ainda não está habituado a esta especialidade (a maioria dos que graduaram até hoje não viram isso na faculdade, não é? A culpa não é sua!), ajudem a pelo menos 7% da população que procurará tratamento: se atualize! Aqui na página há um link para cursos e eventos  na área, caso precise de inspiração. 🙂

Se você é paciente, não desanime, conheça os profissionais associados a SBDOF – Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial. No site há uma lista dividida por regiões. São profissionais que já se especializaram nesta área. Aqui o link: http://sbdof.com/procure-um-especialista/ E podem me escrever que tento na medida do possível, encaminhá-los a colegas e centros de atendimento.

Se você é meu leitor assíduo, desculpa por começar o ano com este post chato. Assim que conseguir analisar todos os dados da minha pesquisa (sim, estou estudando…), volto com tudo à este espaço!

E enquanto puder, vamos fazer barulho! Vamos dizer a todos que estes problemas de dor orofacial tem diagnóstico e controle! Que bruxismo não é DTM! Que não é um tratamento para correção da oclusão que melhorará a dor de cabeça! Que existem vários tipos de dor de cabeça! Que ardência bucal precisa de diagnóstico, pois são várias condições que levam a este sintoma! Que a gente existe! E que podemos proporcionar uma melhora na qualidade de vida do paciente, ufa…

E sim, vou ao CIOSP! Se você também vai, vamos tomar um café? Prometo que não toco neste assunto chato! 🙂

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18 pensamentos sobre “#chateada

  1. Olá Juliana, nós teremos um curso ministrado pelo Drº Silvio Watanabe com o tema “DTM- Dor Orofacial – Visão Contemporânea” nos dias 31/01 (Sexta) das 13:30 – 14:30 e no dia 01/02 (Sábado) das 16:30 – 17-30

  2. hahaha
    a-do-rei!!!
    Apesar do tema sério, o seu bom humor muda o nosso dia!!!
    bjoss

  3. Juliana bem vinda ao mundo real da odontologia do faz de conta. Assim como vc, nós da prótese removível (aquela vendida para baixa renda) também percebemos a falta de visão dos que montam a grade científica, porém acho que além disto a classe esqueceu que ser dentista é acima de tudo ouvir o paciente, refletir sobre os conceitos aprendidos e fazer um diagnóstico, pois é isso, e sempre foi o que todos os pacientes desejam. Mas acredito que como todo mercado uma hora a ficha cai e poderemos viver uma odontologia real.
    Abraços bom ano para vc e todos que te acompanham como eu. Continue assim

  4. Sensacional, Juliana!
    Vc conseguiu traduzir em palavras todo o sentimento de frustração de todos nós da área de DTM e Dor Orofacial!
    Nosso trabalho para o reconhecimento e valorização da nossa especialidade é um trabalho de formiguinhas, mas, juntos, vamos continuar lutando por isso!
    Um gde bjo! 🙂

  5. Por isso que devemos publicar mais e mais para literatura internacional. Um dia o Brasil acorda para isso.

  6. Não fique muito chateada!! Sua luta e da SBDOF já está mudando este cenário, é questão de tempo. Eu tb tô nessa batalha dentro da fisioterapia, temos que ter paciência…

  7. Triste Realidade, mas nós temos que fazer a diferença e fazer a nossa parte. Nos últimos 2 CIORJ fui convidada para ser conferencista por ser Ortodontista, logo, introduzi no tema o assunto DTM com o objetivo de explicar e separar as duas especialidades e mostrar a importância da Especialidade DTM e DOF.
    É isso aí Juliana, não podemos desanimar, mas realmente este assunto nos entristece e muito!

    Abs.

  8. Acho que foi no mês de novembro/2013, assim que vi a programação no site, fiz uma manifestação aos colegas associados. Na época disse que se tratava de um congresso destinado ao “grande público”, por isso estamos fora. Cabe uma manifestação oficial da SBDOF?

    • Olá José Silvio, não creio que a SBDOF deva interferir no congresso de outra associação. Acho que os sócios da APCD que deveriam se manifestar (e me incluo entre eles). E se é para o grande público, aí sim que é necessário, não?? Abraços

  9. Parabéns por ficar chateada!! Tbm fiquei, pois procurei na grade oficial e nadica de nada de DTM e Dor Orofacial.

  10. Oi, Juliana! Acho que sei o que você está sentindo. Sinto isso todos os dias, mas não desanimo. Por isso, te digo: NÃO DESANIME! Não importa o que os outros pensam. Não interessa o valor que nos dão; somos recompensados por aqueles que tratamos. Aqueles que instruímos, aqueles que nos admiram. Fico triste todos os dias quando vejo nossa profissão tão desvalorizada; talvez por estes mesmos que nos tiraram do CIOSP. O que eles não veem é que todos nós ficamos mais fracos quando desvalorizamos um colega, quando não cobramos consulta, quando subvalorizamos um procedimento….Veja seu site: é um sucesso! Suas palestras são excelentes! Você convive com o suprassumo da especialidade, vc é uma formadora de opinião! Não desanime;;;;um grande abraço! Sucesso!

    De alguém sem muita importância, mas que não desanima…..rsrsrsr

  11. Excelente texto, Ju Bj

    Prof. Dr. Fábio Robles – fabiorobles@id.uff.br

    Coordenador de Curso de Graduação em Odontologia

    FOUFF-NF

    22 9 8121-8811

    ” A maneira mais simples de corromper um jovem é ensiná-lo a respeitar mais aqueles que têm opiniões iguais às suas que aqueles que têm opiniões diferentes das suas” (Nietzsche)

    “Nem mesmo a ciência sabe a verdade – a ciência só dá palpites provisórios que são constantemente modificados” (Karl Popper)

    “(…) Verdade é uma espécie de mentira bem pregada, das que ninguém desconfia. Só isso.” Monteiro Lobato (Memórias da Emília)

    >

  12. Profª Juliana será que quem montou( montaram) á grade desse congresso nunca teve um parente ou paciente com stalidos,resaltos,barulhos
    dores,sub-luxações nas atms,ou então algum paciente com dores no masseter,temporal,pterigohideos? Desconfio que ele não sabem nem o que um paciente Bruxoma e como tratá-lo,também
    tenho minhas dúvidas se êles sabem que fatores emocionais(ansiedade,stress,),podem provocar DTM,e que ás mulheres são
    mais acometidas do que os homens.Profª moro no sertão pernabucano,lugar seco ás vezes falta água para beber e tomar
    banho,más mesmo morando num lugar deste eu tenho noção
    do assunto que êles relevaram. O pior cego é aquele que não quer ver.Um forte abç e continue assim “sem medo e sem ódio”

  13. Dra Juliana, acompanho o seu blog sempre que posso e realmente também fico chateada com a falta de informação dos profissionais e, mais do que isso, a falta de interesse neste tipo de informação. De repente você comenta com seu ortodontista, por exemplo, que você vai procurar ajuda de um profissional especialista em dor oro facial e o ortodontista te desencoraja fortemente, dizendo que este tipo de tratamento não funciona, que nem sequer existem estudos aprofundados sobre o tema. E então a gente fica mais chateado ainda porque vê que o próprio ortodontista está mais desinformado que o próprio paciente. Como leitora assídua do blog, sei que existem estudos, existem tratamentos, existe pesquisa séria sobre este assunto e existem profissionais competentes como você! Por isso, não desanime. Vocês chegarão lá!!! Estamos vivendo profundas transformações sociais e as pessoas hoje já não são apenas conduziadas pelos saberes superiores e não se deixam intimidar diante da falta de informação de um profissional. Bom trabalho!!!

  14. Professora, por sua garra sei que ficou chateada , mas vai lutar para não desanimar nunca, afinal sem as suas lutas, como nossa especialidade vai estar? Conheci seu blog quando ainda estava fazendo o primeiro trimestre da especialização e divulguei para todos os meus amigos. Aqui encontramos muita evidencia científica e prontamente atualizada. Uma pena realmente que não teve na programação oficial do CIOSP uma palestra ou um curso sobre DTM e Dor Orofacial… Assisti uma palestra no estande da USP Inovação sobre tratamento de DTM/DOF minimamente estressante com microcorrentes, dada pelo professor ( fisioterapeuta) Dr Eduardo Yujiro Abe. Muito boa a palestra, mas não estava na programação do CIOSP. Só soube quem pegasse a programação no estande… Uma pena… Acredito ser falta de organização…Ainda bem que fui e vou continuar indo no Congresso da SBDOF que considerei excelente em nível de informação científica e organização administrativa.
    Parabéns por sua revolta e por torna-la pública, expressando o sentimento de todos nós!Bjos

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