Há algum tempo eu relatei aqui que em 2008 um número inteiro do Journal Oral Rehabilitation havia sido dedicado ao bruxismo.
Eu leio e releio sempre estes artigos e vou então fazer uma tradução livre de alguns trechos do artigo Physiology and pathology of sleep bruxism de Lavigne et al. que trata da relação oclusão X bruxismo, assunto ainda tão debatido…
Usar a interferência oclusal para explicar o bruxismo se tornou muito popular após a publicação de um estudo sugerindo que a oclusão poderia influenciar a atividade muscular, mas é importante notar que esta sugestão foi baseada em dados de eletromiografia gravados durante o dia…
… Há uma falta de evidência que justifique a utilização de terapias oclusais para o tratamento de bruxismo…
…Foi sugerido que o contato dental ocorra por aproximadamente 17,5 minutos durante 24 horas…
…A atividade muscular relacionada com o bruxismo do sono ocorre aproximadamente por 8 minutos durante todo o período de sono, que usualmente dura de 7 a 9 horas.
O fato de alguns pacientes relatarem alívio do que eles relatam ser um “desconforto dental”, dor, cefaleia após reabilitação oral e tratamento ortodôntico não é prova suficiente para justificar tratamento extensivo. Outros fatores como a relação paciente e dentista, a crença do paciente no tratamento mecânico intervencionista, o carisma do dentista e a melhora natural com a flutuação dos sinais e sintomas durante o longo e extensivo tratamento dental podem contribuir para o relato subjetivo da satisfação do paciente.
Ainda segundo o artigo, o debate permanece em aberto uma vez que faltam estudos com metodologia adequada.
Acho que pelo que conhecemos da fisiopatologia do bruxismo do sono (central e não periférica), o tratamento com ajuste da oclusão para esta condição não se sustentará… O que vc acha?
Olá Juliana ! Só acho que os cursos voltados as DTM – pouco estudam e sabem sobre a importância da anatomia oclusal . Não sabem esculpir corretamente a anatomia dental, a grande maioria. Acho meio rídiculo a odontologia se apoiar tanto nas placas de mordidas e nelas vemos poucas mudanças . Não há estudo, como se devia,do reflexo neuro muscular , fala-se muito sobre bruxismo e apresentam poucos resultados .
Olá Sérgio! Obrigada por comentar. Bem, eu acho que conhecer a anatomia dental é fundamental ao dentista, mas o ensino da escultura dental em cursos para DTM não faz sentido, muito menos para tratamento do bruxismo. Há uma revisão sistemática que conclui, por exemplo, que ajuste oclusal não é efetivo para o tratamento da DTM.
As respostas sobre o BS caminham para uma condição talvez neurológica, talvez microdespertares por problemas respiratórios, talvez neurotransmissores, OK? Os coitados dos dentes e dos músculos sofrem a consequência e, num passado ainda não tão distante, levavam a culpa!!
Dª Juliana,diante de tantos argumentos relativos à DTM ainda sem definições concretas,só posso acreditar que bruxísmo,tem tudo a ver com o estado psicológico de todos nós,o sintoma de ultrason detectado no ranger de dentes,é consequência.Obrigado e dê continuidade às pesquisas. Renato Diniz.