Quando o cirurgião dentista deve encaminhar o seu paciente ao especialista em DTM e Dor Orofacial?
Esta é uma pergunta recorrente em algumas conversas que tenho com colegas por aí.
Eu tenho uma opinião pessoal sobre este assunto: quando você não consegue identificar a condição clínica do paciente (nunca inicie um tratamento sem diagnóstico – vou lançar esta campanha no blog em breve!) ou não se sente apto para iniciar este tratamento. Eu, por exemplo, NUNCA extrai um terceiro molar. Sempre encaminhei o paciente a quem faz isso. Eu faço profilaxia, mas não me arrisco a fazer um tratamento periodontal….
Veja bem, isso vale para qualquer especialidade, e não só para DTM e Dor Orofacial. O fato de se você ser especialista em um assunto já prediz que pelo menos você dedicou uma boa parte do seu tempo ao estudo das condições clínicas que acercam esta especialidade. Acho que é um tanto quanto óbvio, não?
Além disso a Odontologia, assim como outras áreas das ditas Ciências da Saúde, abrangem condições diversas e múltiplas. É difícil achar um profissional completo em todas as áreas.
Mesmo assim, o clínico geral tem papel importante no atendimento a estes pacientes e deve ter conhecimento no mínimo básico de dor orofacial. Para mim o curso de especialização abriu novas oportunidades, como por exemplo, um conhecimento maior em diagnóstico e tratamento da DTM e também de outras dores orofaciais. Me trouxe segurança…
A “noção” que o clínico geral deve ter inicia-se no curso da graduação. E esta “noção” varia também de escola para escola. No Orkut há uma discussão sobre o que deveria ser ensinado nas faculdades de DTM. Eu gostaria que absolutamente tudo fosse ensinado, de que a grade fosse maior, de que fosse maior do que a grade da dentística (rs… tá bom, tô exagerando).
Mas sabemos que a realidade não é essa. Até para referenciar um paciente o cirurgião dentista deve ter uma ideia do que significam os sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Por isso a necessidade de divulgação desta especialidade e de que existem pessoas que estudam e se dedicam em tempo integral a isso…
Só para relembrar, no Brasil, em 2002, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reconheceu a especialidade Disfunção Têmporo-Mandibular e Dor Orofacial. Segundo o CFO, as áreas de competência desta especialidade incluem: diagnóstico e prognóstico das dores orofaciais complexas, incluindo as DTMs, particularmente aquelas de natureza crônica; inter-relacionamento e participação na equipe multidisciplinar de dor em instituições de saúde, de ensino e de pesquisas; realização de estudos epidemiológicos e de fisiopatologia das DTMs e demais dores que se manifestem na região orofacial; e o tratamento das dores orofaciais e DTMs, através de procedimentos de competência odontológica.
Será que este foi um post muito confuso? O que vocês pensam sobre este assunto?
O tema deste post foi sugerido pelo twitter por Ricardo F. Paula, especialista em DTM e Dor Orofacial. Para segui-lo: http://www.twitter.com/oralview
Para seguir este blog: http://www.twitter.com/dororofacial
Achei ótimo o post. Me acrescentou coisas novas. Eu que estou do outro lado, como paciente, fico feliz em saber que está sendo dada a devida atenção a nós portadores de dores crônicas faciais.
Obrigada pelo esclarecimento!. No meu caso, já descobri meus problemas, mas quanto benefício será dado aos portadores de dores crônicas faciais, ainda sem o devido diagnóstico. Parabéns pela matéria! E pelo aprofundando sobre esse assunto no curriculum acadêmico.
Valeu!!!
Obrigada você pela visita! 😉
Opa, que bom que acatou minha sugestão, Ju. Então, eu acho que o dilema começa no paciente. Ele sente a dor ou o desconforto e não sabe quem procurar. Daí vai ao seu dentista de confiança… E é nesse ponto que devemos apertar. Se o dentista é de “confiança” ele tem que ser honesto até no limite do seu conhecimento. Então, se ele não conhece o problema ou apenas superficialmente. Ele dá uma atenção ao cliente e o encaminha já na primeira consulta. O que vejo é que tem muita gente que “TENTA”, daí de tentativa em tentativa os pacientes vão perdendo tempo e cronificando e a corrente fica mais apertada e logo algum anel cede… O encaminhamento não pode parecer uma atitude fraca, mas sim o que se pode fazer de mais importante para aquele paciente naquele momento.
Excelente post.
Parabéns, Juliana!
bj
Concordo plenamente. Ainda mais nós profissionais de d-atm e dor orofacial que tratamos de pacientes com queixas multiplas e subjetivas como a dor.
Saber trata-lo é tão importante quanto saber encaminha-lo, caso este não seja de sua área de atuação. Pois quantos pacientes já nos relataram ter feito uma verdadeira “via sacra” até chegarem em nossas mãos ?
Abraços
Continuas abordando coisas interessantíssimas, importantes, e que realmente necessitam ser bem ventiladas. Dou apôio total…
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Oi Juliana
Criei um blog sobre Dor Crônica, há uns meses atrás, se quiser dar uma olhadinha entre no: doressemdiagnostico.blogspot.com
Tem a minha história de dor. E um capítulo sobre “Procurando um dentista em dor orofacial, uma luz no fim do túnel”. Acho que é no Relato-parte 8.(maio 2010)
E para não ficar tão hermético o Blog, tenho procurado garimpar assuntos correlacionados na internet e re-postado lá. Obrigada pelo seu blog e pela sua ajuda a tantas pessoas.
Parabéns!!!
Juliana, você é especialista em DTM aqui em Cuiabá?
Olá Aline! Eu atendo em Franca, estado de sp. Em Cuiabá há o dr. Reynaldo. Veja link ao lado.. Abs
Eu acrescentaria aqui que casos sobre e subtratados (normalmente ocorrem mais os sobretratamentos-orto, cirurgias, reabilitações…) criam descrédito por parte dos pacientes e da comunidade em geral em relação ao papel da odontologia no tratamento das dores orofaciais não odontogênicas e, o pior, podem contribuir para a cronificação de um quadro clínico. Vc resumiu bem isso Juliana, não iniciar o tratamento sem uma hipótese diagnóstica plausível. Mas temos que nos lembrar que “DTM” apenas não é um diagnóstico. Parabéns, mais uma vez Juliana