Dor de cabeça e DTM

Há duas semanas participei do CORE – Colloquium on Oral Rehabilitation, evento promovido pelo Journal of Oral Rehabilitation em parceria com a Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial (SBDOF) com o tema Dor Orofacial.
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Foi uma tremenda experiência! Primeiro pelo formato do evento: artigos em rascunho para leitura prévia, palestras sobre os assuntos e discussão abertas para opiniões e questionamentos de todos. Segundo pela possibilidade de conversar com todos os palestrantes e moderadores: Peter Svensson, Paulo Conti, Malin Ernberg, Thomas List, Ole Ferjerskov e Antônio Sérgio Guimarães. Ao final do evento eles se reuniram novamente e discutiram as mudanças nos artigos que em breve estarão publicados no Journal of Oral Rehabilitation (divulgarei aqui!).
Um dos temas discutidos por lá foi cefaleia e DTM muscular apresentado pelo Prof. Paulo Conti: a relação de comorbidades, quando a cefaleia é secundária a DTM e ainda, se o tratamento deve ser separado.
Entre tudo o que disseram (e foi muita coisa, viu?) a questão sobre o diagnóstico voltou a tona. O método de diagnóstico hoje disponível é baseado em anamnese e exame físico detalhados. Com os resultados em mãos o desafio é saber se estamos diante de cefaleia tipo tensional com dolorimento pericraniano ou cefaleia por DTM? Parece que estas condições estão sobrepostas, não?
Dois pontos chave baseados nas classificações do novo DC/TMD e da Classificação Internacional de Cefaleias (CIC, 2013) para o diagnóstico da cefaleia atribuída a DTM foram observados:
1. A relação temporal entre as condições: observar na história do paciente a ocorrência de ambas. No caso de uma cefaleia pré existente a classificação orienta que ambos diagnósticos sejam realizados. Claro que há problemas neste ponto, especialmente por ser baseado no relato do paciente.
2. Observar se a dor se modifica ou é familiar a função mandibular ou a palpação dos músculos mastigatórios, o que pode indicar a influência da DTM na cefaleia. Este são pontos em comuns dos critérios de diagnóstico do DC/TMD e do CIC. O DC/TMD considera cefaleia por DTM apenas se a dor for localizada na região temporal.
Segue abaixo os critérios, ainda não oficialmente traduzidos para o português (clique na figura para ampliar!):
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O importante disso tudo é lembrar que a DTM pode estar associada a uma cefaleia primária, como migrânea (enxaqueca) e cefaleia tipo tensional como já demonstraram vários estudos. Neste caso são comorbidades onde uma condição pode levar a piora ou perpetuação da dor da outra e não é a causa.
Por outro lado a cefaleia pode ser um sintoma de DTM. Neste caso ambas as classificações são falhas em descrever as características desta cefaleia. Há algum tempo já o meu amigo e membro do Bauru Orofacial Pain Group, Yuri Martins Costa, apresentou sua dissertação de mestrado. Ele realizou uma pesquisa clínica e controlada com o intuito de caracterizar o tipo de cefaleia atribuída a DTM.
A cefaleia secundária a  DTM apresentou as seguintes características: localização frontotemporal e bilateral, com longa duração (mais de 4 horas por dia) e com qualidade de peso ou pressão.
Este foi o primeiro estudo que descreveu as características deste tipo de cefaleia. Mais estudos são necessários.
Os estudos publicados pelo Bauru Orofacial Pain Group originados desta pesquisa:

 

 

Quis passar só um pouquinho do que estudei estes dias! Foi muito bom exercitar o cérebro!

Espero ter deixado um gostinho de quero mais para vocês! Assim que sairem os artigos eu divulgo! 🙂

 

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Um pensamento sobre “Dor de cabeça e DTM

  1. Querida Juliana, muito obrigada por sempre ter esta boa vontade de dividir com a gente seus conhecimentos e informaçoes. beijos

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