Alodinia – sensação dolorosa causada por estímulo normalmente não doloroso.
Hoje o tema da postagem é esta sensação estranha. Como migranosa (ui) sei bem o que é isso nos dias de crise. Pentear os cabelos se torna tortura. Para alguns usar o óculos. Para aqueles com odontalgia atípica, passar um cotonete no local da dor faz com que a intensidade dispare!
Estímulos dolorosos prolongados ou repetitivos podem levar a sensibilização (termo que descreve um aumento na resposta neuronal) do SNC. Alodinia é uma manifestação da sensibilização do sistema nervoso central. E este sintoma não está presente apenas em pacientes com cefaleia ou odontalgia atípica e sim na maioria dos que apresentam dor crônica.
A figura acima é muito conhecida de quem estuda dor e mostra a resposta normal a dor (linha azul) e após uma injúria a presença de hiperalgesia e alodinia (linha vermelha). Falando de alodinia, observem que agora um mínimo estímulo (que normalmente não geraria dor) passa a gerar dor, que não tem a intensidade da dor percebida por um estímulo maior, como ocorre na hiperalgesia.
É interessante verificar a presença de alodinia e hiperalgesia nos pacientes antes, durante e após um tratamento, delimitando a área de sua ocorrência.
Uma das formas de se fazer isso no consultório seria utilizando um teste quantitativo sensorial (QST). Na rotina clínica pode se usar passar um pincel ou gaze na face (extraoral) ou o uso de cotonetes ou chumaço de algodão (intraoral). Uma outra forma seria através de questionários. Na literatura há um questionário validado que verifica não só a prevalência como a severidade da alodinia. É muito interessante seu uso na pesquisa, já que permite a verificação de um grupo grande de pacientes. Este questionário é o 12 item Allodynia Symptom Checklist (ASC-12).
O grande problema é que, vocês podem verificar acima, o questionário está em inglês. Assim, seria necessária uma tradução e validação para verificar se os resultados seriam reprodutíveis na língua portuguesa.
Eis que Lidiane Florêncio, sob a orientação da querida Debora Bevilaqua-Grossi, resolveu usar este tema para sua dissertação de mestrado! Os profissionais da saúde lhe agradecem! 🙂
O trabalho foi realizado pela Lidiane e a equipe do curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que desenvolvem pesquisas com alodinia em pacientes com cefaleias e disfunção temporomandibular (DTM) (clique aqui para ver) e contou com o apoio também dos professores Speciali e Marcelo Bigal (neurologistas experts em cefaleia).
O resultado saiu em novembro de 2012 na revista Arquivos de Neuropsiquiatria e todos podem ter o acesso ao artigo por este link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2012001100006&lng=en&nrm=iso&tlng=en
E com exclusividade a versão em PDF em português do questionário está aqui no blog!! \o/
Obrigada Debora e Lidiane!
Clique aqui para baixar: versão traduzida ASC-12_2
O escore varia de 0 a 24. Para isso pontue cada questão da seguinte forma:
- “esta situação não se aplica a mim” , “raramente” ou “não nunca” = 0
- “às vezes sim, às vezes não” = 1
- “a maior parte das vezes” = 2
Some tudo e de acordo com o escore final pode-se classificar o paciente da seguinte forma:
- Sem alodinia: 0-1
- Alodinia leve: 3-5
- Alodinia moderada: 6-8
- Alodinia grave: 9 ou mais
Leiam mais artigos gratuitos com o uso deste questionário pelos links abaixo:
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2729495/
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2664547/
Usem e abusem! 🙂
VALEU JULIANA!!!!
Olá Juliana,também sou dentista e gostaria de receber publicacões sobre este tema Dor e Alodínia,pois após uma cirurgia estou ha um ano com esta dor localizada no local,cranio, no meu caso.Muito obrigada.MHelena
Olá Maria Helena! Se quiser pode se cadastrar no site. Veja na aba à esquerda.
Caso queira algo específico, enviar um email a juliana.dentista@gmail.com
Abs